Lembro de quando assistia a Indiana Jones e a Última Cruzada e ficava encantada com as cenas gravadas em Petra, que, até então, era completamente desconhecida para mim. Cheguei a me perguntar se era possível tamanha beleza existir. Alguns anos se passaram e lá estava eu, com o grupo Gurias a Bordo, rumo à Jordânia e, é claro, a Petra. Mais que um sonho a ser realizado, a Jordânia era, na minha cabeça, um destino cheio de mistérios – visto que, mesmo diante de tantas histórias fascinantes, não sabia muito bem o que esperar do país.
Chegando a Amã, o aeroporto já nos conta um pouco do que iremos encontrar na Jordânia: modernidade e muita organização. Nossa primeira parada na capital foi apenas para dormir e comer. E por falar em comer, foi em Amã que encontramos o Fakhr Eldeen, um dos melhores restaurantes de comida árabe em que já fui. Com um ambiente bonito e frequentado tanto por locais quanto por turistas, é o tipo de restaurante feito para ficar horas na mesa se deliciando com a comida.
Com energias renovadas e expectativas em alta, seguimos para nossa primeira surpresa: o deserto de Wadi Rum. Com uma paisagem e um visual exuberante, difere do deserto marroquino com suas dunas douradas e areias finas. Aqui a paisagem rochosa ganha destaque junto ao arenito e calcário esculpidos pelo vento, ornados em tons terracota e uma imensidão de tirar o fôlego. Hollywood descobriu aqui um cenário riquíssimo – filmes como Lawrence da Arábia, Transformers, Aladdin e Perdido em Marte foram rodados nessa região. De alguns desses filmes restaram apenas partes dos cenários, que, posteriormente, foram transformados em exóticas acomodações para quem quer apreciar o deserto de forma única, como é o caso dos domos transparentes de Perdido em Marte, que atualmente contam com jacuzzis e outras mordomias à disposição dos hóspedes. Há também opções de tendas mais simples, para aqueles que só querem admirar a paisagem, ou opções de passeios em 4×4, para quem vai apenas passar o dia.
Paisagens rochosas, arenito e calcário esculpidos pelo vento, assim é o deserto de Wadi Rum
Finalmente chegamos ao passeio mais aguardado da viagem: Petra. Decidimos começar a visita à noite, a fim de participarmos do Petra by Night. Uma ideia simples e maravilhosa: a imponente estrutura rochosa iluminada à luz de velas, tendo como som ambiente uma agradável sinfonia instrumental. Entramos pela portaria do “parque” e começamos a descer por uma via iluminada com milhares de velas naturais, nada de LED ou outras modernidades. Conforme descíamos, a curiosidade ia aumentando e o caminho ia se estreitando por dentro de um desfiladeiro, com paredes altas e sombras fantasmagóricas formadas pelas pequenas chamas das velas. Depois de mais um pouco de caminhada, uma curva a 90 graus revelava o maior tesouro da Jordânia: a Cidade Rosada. A edificação que se vê, a mais famosa delas, é chamada de Câmara do Tesouro ou Al Khazneh. Rodeada por mais algumas centenas de velas, a edificação crescia exuberante enquanto nos acomodávamos esperando o show começar. Um leve som vindo de uma flauta ecoava pelo público enquanto cores vibrantes iluminavam o edifício e produziam o mais emocionante espetáculo já visto por mim.
O momento é único. O passeio se encerra da mesma maneira que começou: com velas nos guiando por todo caminho, mas agora o sentimento de expectativa é sobreposto pelos de emoção e deslumbramento.
Petra by night: a luz das velas transforma a estrutura de pedra em algo ainda mais exuberante
Ao amanhecer, continuamos nossa aventura e adentramos novamente a cidade de pedra. Protegidas por lenços e chapéus, por conta do calor de setembro, seguimos pelo mesmo caminho trilhado na noite anterior. Agora sem o suporte das velas, conseguimos apreciar, com maior atenção, as paredes de pedra e o estreitamento que antecede a curva que revela a Cidade Rosada. Petra mantém o ar mágico e encantador que arranca de todos os presentes suspiros e exclamações de admiração.
Iluminado pelo sol forte, o Tesouro da Jordânia possui tons rosados, que contribuem para a sua beleza e imponência. Historicamente a região era habitada pelos nabateus (nômades árabes), que aproveitavam a proximidade de Petra das rotas comerciais da área.
Suas moradias cavernosas ainda hoje são uma atração à parte no passeio, sendo possível observar diferentes tipos de construções ao passar pelo desfiladeiro, dentre elas: obeliscos, altares, ruas com colunas e o mosteiro de Ad Deir, que completa a vista.
Cidade e mar
Do deserto para o mar, seguimos viagem para o ponto mais baixo do planeta: o Mar Morto. Na fronteira com Israel e a 430 metros abaixo do nível do mar se encontra a mais salgada das águas, que, alimentada pelo Rio Jordão, esconde segredos únicos. A alta concentração de sais e minerais, alguns encontrados somente aqui, faz da região um lugar famoso por seus tratamentos terapêuticos.
No conforto do Hotel Kempinski, conseguimos recuperar o fôlego e aproveitamos para boiar e relaxar, mesmo que por pouco tempo, nas águas do Mar Morto. Por conta da quantidade de sal, recomenda-se que a permanência na água não ultrapasse o tempo de 10 minutos, a fim de evitar prejuízos para o corpo. Os banhos de lama compensam o pouco tempo na água. Se não são bons para a pele, com certeza garantem muitas risadas entre os viajantes.
Antes de retornarmos para a capital Amã, mais uma surpresa: a cidade de Jerash, com mais de 3 mil anos de história e uma das mais bem preservadas cidades romanas do mundo. Tendo sofrido com guerras e terremotos, boa parte da região ficou por muitos anos enterrada. Aos poucos os templos dedicados a Zeus e Artemis foram descobertos, juntamente com colunatas, fontes, teatros e até um hipódromo. Os detalhes em mosaicos e o nível de conservação das construções encantam os turistas, fazendo com que essa seja a segunda principal atração do país. Passear por suas avenidas grandiosas é realmente emocionante e, além da impressionante manutenção do sítio arqueológico, a cidade encanta pelo tamanho e detalhes que carrega.
Terminamos a viagem em Amã, agora sim com tempo para apreciar a beleza da cidade. Aqui o antigo e o moderno se misturam e criam uma fascinante cena de contrastes, com muitas montanhas e serras. A cidade é organizada, limpa e tranquila para passear. As torres das mesquitas são quase os únicos pontos coloridos de Amã, e do alto o que se vê é um tapete ondulado de construções revestidas de rochas claras, da cor do deserto. As ruas estreitas reservam segredos incríveis e uma diversidade deliciosa de cores e sabores. Um lugar hospitaleiro e de uma história riquíssima que, em combinação com o contemporâneo, faz da cidade uma grata surpresa no Oriente Médio.
Banhar-se e boiar no mar morto são experiências incríveis. E as paisagens da região são belíssimas
Gurias a bordo
O projeto “Gurias a Bordo” foi idealizado pela agente de viagens Luciane Garcia e pela jornalista Fernanda Pandolfi, para levar mulheres a todos os cantos do planeta, especialmente àqueles em que elas não iriam sozinhas (ou não teriam companhia). São viagens com MUITA cultura, belezas naturais, bons hotéis e a certeza de ótimas amizades. Em 2025 será a Indonésia.
Mais informações em agenciadiariodebordo.com.br