Há muito o espumante brasileiro deixou de brilhar apenas em comemorações de final de ano e em festas especiais e se faz presente nas taças nas mais diversas ocasiões. Excelência da produção nacional, tem a qualidade reconhecida internacionalmente. Com destaque para a região de Pinto Bandeira, na Serra Gaúcha, que desde 2010 detinha a Indicação de Procedência de vinhos tranquilos e espumantes, e que agora possui a 1ª D.O. (Denominação de Origem) exclusiva para espumantes do Novo Mundo, tornando-se um dos importantes eixos enoturísticos do Rio Grande do Sul. A qualidade dos espumantes dessa região, defendem os especialistas, se deve ao fato de permitir que a uva seja colhida madura, com baixo teor de açúcar e boa acidez. Além, é claro, de toda a técnica utilizada na elaboração da bebida.
A nova D.O. passa a ser conhecida como Altos de Pinto Bandeira. O selo é reservado às vinícolas Aurora, Don Giovanni, Geisse e Valmarino, que precisam seguir regras rigorosas de controle, desde o cultivo das uvas até o engarrafamento. A Denominação de Origem conquistada por Pinto Bandeira determina que as uvas autorizadas – Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico – tenham o cultivo na área prevista, precisem ser conduzidas pelo método de espaldeira, e os espumantes elaborados pelo Método Tradicional, com tempo superior a 12 meses de guarda.
A busca por esses produtos de qualidade acabou por tornar Pinto Bandeira um polo de turismo, com destaque para as vinícolas que estão na área que abrange a Denominação de Origem. É preciso destacar, no entanto, que as vinícolas podem produzir outros espumantes e vinhos sem as exigências da D.O., mas que não terão o selo de Denominação de Origem.
Um dos grandes atrativos para os visitantes é que a cidade tem um ritmo menos acelerado do que suas vizinhas na Serra Gaúcha, perfeita para quem busca turismo sem pressa e conexão com a natureza. O pequeno município de menos de 3 mil habitantes, conhecido como ‘Capital Estadual do Pêssego” e vizinho a Bento Gonçalves, recebe dos visitantes os títulos de “Toscana Brasileira “ e “Cidade dos Chalés”. Tudo porque, apesar de não possuir hotéis, oferece pousadas e hospedagens pequenas, que abrigam os que buscam conhecer as vinícolas da região.
As vinícolas
Cooperativa Vinícola Aurora
A Aurora Pinto Bandeira é uma vinícola com paisagens exuberantes, em meio à natureza, que oferece diferentes experiências em meio aos vinhedos. Lá, os visitantes podem participar de uma caminhada, o Wine Walk, que dura 1h30min e é guiada por sommelier, com paradas para degustações. Após o passeio, é oferecida 1 tábua de frios e 1 espumante para completar a experiência e apreciar a paisagem. É possível, ainda, fazer o Piquenique nos Jardins, que inclui 1 tábua de frios para 2 pessoas e 1 espumante. Outra opção é a Degustação Espumantes ao ar livre, com 4 diferentes tipos de espumantes.
Don Giovanni
A Don Giovanni oferece aos turistas uma experiência completa: além das degustações e alimentação, a hospedagem. Em um casarão de 1930, ocupado anteriormente pela família e totalmente reformado, a pousada possui 7 quartos com banheiros privativos. Dispõe ainda de uma cabana privativa, antigo estábulo transformado que abriga até 5 pessoas, próxima aos vinhedos. A hospedagem na Don Giovanni inclui a degustação tradicional para cada hóspede e valores especiais na compra de espumantes e vinhos.
Para os visitantes, tem a Degustação Premium, na cave da vinícola, que inclui 3 espumantes e 2 vinhos, sendo oferecido um espumante ainda em fase de maturação. Os apreciadores da bebida podem participar, também, da Degustação Vertical, do mesmo espumante em diferentes fases de maturação, desde as safras mais jovens até as mais evoluídas.
Da cozinha do Nature Vinho e Gastronomia, restaurante comandado pelo chef Rafael Jacobi, saem os almoços e jantares harmonizados e os piqueniques em frente aos vinhedos. O jantar de 3 passos permite a escolha de entrada, prato principal e sobremesa, entre as opções disponíveis no dia, e inclui couvert, 1 taça de espumante e café. Um dos pratos símbolos da casa é a releitura do risoto de alcachofras, receita criada por Dona Bita, matriarca da Don Giovanni.
Familia Geisse
O lema da Família Geisse é “Desacelerar é preciso”. E com esse objetivo, a vinícola dá ao visitante a possibilidade de desfrutar de diferentes experiências. O Tour com Degustação oferece visita guiada, com degustação, ao final, de vinho base e 4 rótulos. O Emblematic Tasting possibilita o tour e degustação orientada e harmonizada de 3 rótulos emblemáticos da vinícola.
O Terroir Tasting inclui tour e degustação harmonizada, no Open Lounge, com 1 espumante da linha Terroir e 1 petisco a escolha do visitante. E é possível, ainda, participar do Terroir Experience, com passeio off-road guiado, em um 4×4, em meio aos vinhedos, com pausa para degustação dos produtos da linha Cave Geisse. Se preferir, pode apenas curtir o Open Lounge, degustando empanadas, tapas, tortinhas, caldos ou sobremesas, acompanhados de espumante, vinhos, drinks ou café.
Valmarino
A vinícola, fundada em 1997, por Orval Salton, é homenagem a seus antepassados vindos de Cison de Valmarino, na Itália. São 21 hectares de vinhedos, com 18 variedades de uvas viníferas. Os espumantes da Valmarino que têm a Denominação de Origem são o Valmarino Blanc de Blanc Brut e o Blanc de Noir Brut.
A Valmarino oferece aos visitantes três diferentes experiências: Degustação Orientada, que permite a escolha de 4 rótulos; o Tour, que inclui a visita e degustação de 2 produtos em processo de elaboração e 6 selecionados da casa; e o Espaço ao Ar Livre, onde é possível consumir produtos em taças e garrafas, tábuas de frios ou bandejas de nuts.
Não-Menu restaurante sazonal
Entregar-se totalmente nas mãos do chef é a proposta do Colheita Butique Sazonal e de Giordano Tarso. O interessante da experiência é que o cliente desconhece quais pratos irá provar. Na hora de reserva, será consultado apenas sobre restrições alimentares e qual o tipo de serviço deseja.
Para o não-menu, na chegada, recebe uma espécie de “cardápio”, com as instruções de como será o serviço: com 4, 6 ou 7 pratos, sem dizer o que será servido. São interpretações contemporâneas de clássicos, além de receitas autorais. Com a prioridade a ingredientes orgânicos, da própria horta ou hiperlocais. O Colheita conta também com um jardim, com deck e contêiner, onde é possível degustar receitas típicas de comida de rua, mais democráticas, sem precisar fazer reserva. E, ainda, uma parilla na área externa.
Uma das especialidades do chef é a charcutaria. Por isso, criou o Ancestrali, um projeto que reúne os produtos autorais e faz curadoria para outros produtores. Com ele, está lançando uma degustação às cegas, com 4 rótulos de espumantes da D.O. Altos de Pinto Bandeira e 4 produtos de charcutaria.
A carta de vinhos, como não poderia deixar de ser, privilegia a produção de Pinto Bandeira, mas oferece outros rótulos de vinícolas da região. O Colheita conta ainda com uma hospedaria. Ambos pet friendly e estão a 1km do centro da cidade.
O que conhecer
- A religiosidade é característica dos descendentes de imigrantes italianos, chegados à cidade em 1876. Ali, encontra-se o primeiro santuário mariano construído no Estado, para abrigar o quadro de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, trazido da Itália pelo padre Luiz Segalli. Uma curiosidade sobre essa obra é que, para carregar os tijolos que deram origem à construção, os moradores fizeram uma fila de 2 quilômetros de extensão e foram passando unidade a unidade, um para o outro, até chegar ao local. Foram tantos a participar dessa tarefa que a inauguração, em 1902, contou com mais de 6 mil pessoas, em uma missa rezada em italiano, polonês e português. O santuário foi concluído em 1915.
- Com uma das maiores concentrações de capitéis da região Nordeste do Rio Grande do Sul, tem a rota turística que inclui 50 capitéis, construídos muitas vezes com o objetivo de oferenda ou agradecimento por diferentes motivos.
- Pinto Bandeira detém ainda outros títulos, como o de maior produtor de pêssego de mesa do Brasil, o de única cidade brasileira a promover um festival inteiramente dedicado ao capeletti e de ter produzido a maior uvada artesanal feita no mundo, com 1 tonelada.
- Vale visitar a região de agosto a outubro para apreciar a beleza da florada dos pessegueiros.
- Entre fevereiro e março é realizada a colheita das uvas e a vinificação.
- Uma visita ao centro da cidade permite conhecer casarios históricos.
- Vale também visitar as cachoeiras da região.