A Estância Paraizo, em Bagé, é destino para quem aprecia história, turismo, boa mesa e vinhos. Berço da uva Shiraz no Brasil, com reconhecimento do Ministério da Agricultura, desde 1970 pertence à família Mércio, vinda dos Açores, em Portugal, que se dedica à pecuária, com criação de Gado Hereford e Braford, e à produção de vinhos.
Por aquelas terras estão marcas da história do Rio Grande do Sul, quando grupos políticos antagônicos, maragatos e chimangos se enfrentaram nos campos da propriedade durante a Revolução Federalista de 1893. Um dos vinhos produzidos na Estância Paraizo Vinícola Boutique, o Cova de Toro, assemblage de Shiraz (70%) e Cabernet Sauvignon (30%), relembra o coronel Thomaz Mércio, herói maragato dessa Revolução.
O coronel Thomaz pediu que, quando morresse, fosse enterrado em uma cova de touro (escavação feita com as patas e os chifres, quando os animais lutam pelas fêmeas) e foi atendido. Mais tarde, a família, inconformada com o fato de ele estar em cova rasa, mandaram construir, sobre a cova de touro, a capela de São Jorge, com arquitetura inspirada na Église de La Madaleine, em Paris, dos anos 20. Uma das atrações turísticas da Estância. Assim como a mangueira de pedra, com mais de 100 anos.
A propriedade produz vinhos há 20 anos e tem o vinhedo mais alto da região, com 380 metros. São 2 ha de uvas Shiraz, trazidas da África do Sul, e 3 ha de Cabernet Sauvignon, vindas da Itália. O vinho 100% Shiraz leva o nome de Camilo Mércio, pioneiro da família a desbravar a região, atual fronteira do Brasil com o Uruguai. O espumante Gaïda é homenagem à bisavó, a primeira mulher na Estância.
O antigo casarão de pedra, de 1913, abriga a loja de vinhos e a recepção. Os visitantes podem participar de degustação orientada de vinhos, de piquenique com produtos locais e do Tour Cova de Toro, com visita ao primeiro vinhedo de Shiraz do Brasil e à capela São Jorge. E acompanhar, ainda, as lidas de campo. As visitas precisam ser agendadas.