Procurando bem, todo mundo tem seus cheiros. A perfumista também tem.
Mônica Rossetto compõe perfumes – é assim que ela se descreve, a compositora. Com notas e acordes, cria melodias harmônicas, fascinantes fragrâncias. Profissional celebrada no Brasil e no mundo, Mônica construiu uma carreira bem-sucedida cheirando, provando, experimentando. Essa mulher intensa e curiosa mergulha na ciranda de sensações e descobertas que vive em constante aprendizado. Pródiga, ela transforma todo o conhecimento em ensinamentos espalhados nas salas de aula e nas redes. A perfumista é professora, influencer no Instagram, youtuber no canal com seu nome, atriz nos palcos e uma melodiosa podcaster no original “Escute o cheiro”.
Nez é o título em francês para os donos do nariz treinado para a criação. Menos que talento ou dom, é treino que faz o perfumista. “É cheirando que se aprende a cheirar”, ela reforça a lição primordial, assimilada desde que, muito jovem, estreou no ofício com mestres da perfumaria. Farmacêutica bioquímica graduada na USP, Mônica e o nariz aprendiz já trilhavam o caminho da afinação quando ela iniciou os estudos. Com sua arte e expertise criou perfumes originais para os mercados das Américas, Europa e Ásia – tornou-se perfumista sênior de casas de fragrâncias internacionais.
Foram mais de 30 anos de memorização, composição e criação de fragrâncias. Dois mil e quinhentos cheiros gravados na memória, dos 3 mil usados para criar perfumes. Foco e perfeccionismo são essenciais. “Um perfume começa com uma ideia, parte em busca da criação de algo que não existe”, ela explica. Chanel desenvolveu o icônico No 5 a partir de um conceito abstrato: um perfume que representasse um vestido da grife. O resultado no frasco deve ser harmônico, ter uma boa performance, comunicar a ideia e a qualidade do produto e, ainda, surpreender.
Muitas histórias e ensinamentos vividos, Mônica há alguns anos mudou a trajetória de perfumista nas corporações mundiais para compartilhar conhecimento. Em todos os canais onde se apresenta ela fala de perfumes, de sabores e subjetividades com notas de humor e sabedoria. Ela lê e escreve, canta e ouve, ensina e aprende. No seu portfólio multicultural, adicionou curso de desenho livre na Escola Panamericana de Arte, dedicou-se à música – ela é soprano – e realizou um desejo latente: estudar teatro. “O teatro me deu mais desenvoltura e ampliou o poder de me comunicar.” Como o perfume, ela conta, o teatro é efêmero: ambos existem ali, no palco e naquele momento – depois desaparecem.
O fascínio está aí: “O perfume* é volátil e nós não somos eternos”, resume.
*A palavra “perfume” tem origem no latim “per fumum”, que significa “através da fumaça”.
