Zoravia Augusta Bettiol é versátil, multifacetada. Com desenvoltura navega pelas mais diversas formas artísticas. Da pintura à gravura, da escultura ao desenho, da criação de joias à arte têxtil. Há 67 anos tem colecionado prêmios com suas obras e, incansável, está sempre em busca de novos caminhos.
Nascida em Porto Alegre, em 1935, com origem italiana, sueca e austríaca, é uma mulher do mundo. Formada em pintura pelo Instituto de Belas Artes de Porto Alegre, estudou desenho e gravura com Vasco Prado, com quem se casou aos 24 anos e manteve o casamento por 28 anos. Estudou arte têxtil na Polônia e design de joias, em São Paulo. Nos Estados Unidos, foi aprender sobre design de superfícies.
Em sua casa, na Zona Sul de Porto Alegre, funciona o atelier e, temporariamente, o Instituto que leva seu nome, enquanto a futura sede, no prédio conhecido como Casa dos Leões, no Centro Histórico, passa por reformas.
Zoravia se define como uma artista de projeto, que trabalha em série. “Parece que uma só obra não traz tudo o que preciso dizer. Tenho que desenvolver mais para uma direção.” Arte-educadora, faz de seus trabalhos não apenas uma forma de expressão, principalmente quando os temas passam pela ecologia e a desigualdade social. A realidade dos indígenas e dos quilombolas se faz presente como uma forma de manifestação política. Os orixás também tiveram vez em muitas de suas obras.
Essa versatilidade mereceu uma definição precisa do escritor Erico Verissimo: “Como artista, Zoravia Bettiol nega-se a ficar diante de um espelho a mirar-se, repetir-se, copiar-se. Em matéria de desenho, cor e tema as suas gravuras diferem umas das outras sem deixar de conservar a marca de quem imaginou e executou”.
A atual inspiração vem de Antoni Gaudí, figura ícone do Modernismo catalão. Zoravia pretende criar joias em acrílico inserindo nelas elementos utilizados pelo arquiteto espanhol. Mais uma faceta dessa artista cuja criação vive em eterno movimento.