Calcula-se que sejam produzidos no mundo, de acordo com Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, 55 milhões de toneladas de berinjelas por ano
Ela já foi considerada venenosa, causa de incêndios em Istambul, paixão de um tenor, e sonhar com ela, no Japão, é sinal de felicidade. De cor roxo-escuro, a mais conhecida, a berinjela tem diferentes nomes pelo mundo afora. De pele escura , polpa macia e carnosa, muda de sabor, textura e aparência quando preparada. É uma esponja gustativa, absorve e valoriza os ingredientes que a acompanham.
Rica em proteínas, contém vitaminas B e C, além de minerais, principalmente, cálcio, fósforo, ferro e potássio. Pouco calórica, cerca de 25 calorias em 100 gramas, 90% de sua constituição é de água. Existe uma discussão de se seria uma fruta ou legume.
A berinjela tem uma história de mais de 5 mil anos, que começou na Índia e em Miramar, antiga Birmânia. Mais tarde, se espalhou pela China, Coreia e Japão. Ao Ocidente, chegou no século 8, mas só foi destaque às mesas europeias no século 19. Isto porque era considerada venenosa. Para muitos, causava demência e epilepsia. Muito se deve à primeira designação científica: Solanum insanum. Até que foi rebatizada, em 1750, pelo naturalista sueco Carl von Linné, como Solanum melongena. À Europa foi levada pelos árabes, no século 13. Chegou às Américas, no século 18, trazida pelos portugueses.
Muitas histórias e lendas a envolvem. Na China Imperial, suas cinzas eram misturadas ao sal marinho e passadas nos dentes, porque acreditavam que desta forma garantiriam gengivas e bocas sadias. A alta sociedade da época usaria tinturas extraídas da berinjela para fazer uma espécie de laca que escureceria os dentes e garantiria um sorriso considerado ”aristocrata”. Também na China, era costume que as noivas, antes de casar, deveriam preparar 12 receitas diferentes com a berinjela.
Entre 1591 e 1923, houve em Istambul, capital da Turquia, mais de 500 grandes incêndios, e as berinjelas foram consideradas as responsáveis por queimar as casas de madeira, devido às faíscas de fogo que saltavam dos braseiros em que elas eram grelhadas.
Em 1939, o nobre napolitano Dom Ippolito Cavalcante, Duque de Buonvicino, escreveu “A Cozinha Teórica Prática”, à qual é atribuída a receita de berinjela à parmegiana. E, em 1970, em “Cuisinière Provençale”, Jean Rebould teria reproduzido a receita de ratatouille niçoise, um dos pratos mais famosos da França, em que os colonos misturavam berinjela, pimentão, tomate e cebola e assavam.
Na cozinha
- O tenor italiano Luciano Pavarotti era apaixonado por ela, costumava incluí-la nas refeições, nas mais diversas formas de preparo.
- Quando levadas ao forno, recomenda-se cortar ao meio e fazer pequenos talhos na polpa, para que asse por inteiro.
- O tahine, pasta de gergelim, é seu ótimo parceiro.
- Utilizada em lugar da massa em canelones e lasanhas.
- Na Turquia, são mais de 30 receitas tradicionais em que é ingrediente de destaque: são geleias, marmeladas, saladas com iogurte, recheadas, em misturas com legumes e carneiro, purê, frita, gratinada, assada, empanada, em conserva, sopas e chutney.
- Pode substituir o bife no parmegiana.
- Receita clássica italiana é a caponata, refogada ou assada com azeite de oliva, tomate, cebola, pimentões, alcaparra, vinagre, açúcar e sal.
- No babaganoush, tem a polpa assada e combinada com tahine , suco limão, azeite de oliva e alho e muitas vezes servido com pão pita.
- Combina muito bem com molho de tomate e queijos.
- São surpreendentes as receitas de sobremesas, como suflês, bolos (com nozes e frutas secas) e até sorvete, com calda de iogurte.
- A farinha de berinjela está sendo muito utilizada para enriquecer o preparo de biscoitos, pães e massas, devido ao alto teor de fibras.
- Prato típico da Grécia e da Turquia, a moussaka é em camadas, como uma lasanha, mas tem como ingredientes principais berinjela, carne moída e vegetais.
Saiba mais
- Pertence à mesma família que o pimentão, o tomate e o jiló.
- Existem 90 gêneros e 2.500 espécies de berinjelas no mundo.
- É utilizada pelos vegetarianos em lugar da carne.
- Não deve amadurecer no pé, para não acentuar o amargor.
- Necessita de sol, por isso, se adapta bem aos climas tropical e subtropical.
- As melhores berinjelas são firmes e pesadas.
- Quanto menores, apresentam menos amargor.
- Não deve ter furos, o que pode indicar que tenha larvas.
- Absorve óleo e água por ser esponjosa.
- Deixar no sal antes do preparo pode reduzir o amargor, mas reduz também a personalidade da berinjela.
- Apreciadores recomendam assar.
- Pode variar muito de cor, do roxo-escuro ao púrpura, do branco ao amarelo ou verde. Pode também ter a casca rajada.
- Calcula-se que sejam produzidos no mundo, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), 55 milhões de toneladas de berinjelas por ano.
- O Sudeste Asiático produz 60%, e o Oriente Médio, 25%.
- No Mediterrâneo Oriental, que inclui países como a Grécia e o Egito, estão os maiores consumidores, com 10 kg habitante/ano.
- Entre os europeus, os italianos são os que mais a consomem.
- Entre os asiáticos, são os japoneses.