No território predominantemente dominado pelo masculino, quatro mulheres assumiram as rédeas dos negócios da família e criaram o Movimento Queijos do Pampa, que busca valorizar a cultura por meio da criação de uma rota turística na produção de queijos artesanais. A nova atração vem complementar os roteiros de vinícolas, azeites e outros produtos típicos da região. São produtos distintos, com características únicas, que refletem a diversidade do território.
Mariana Fernandes (Canto Queijaria), Luísa Kuhl Brasil (Tambero), Graciele Bittencourt (Terroir da Vigia) e Daniela Fendt (Queijaria Fendt) se uniram em torno da ideia de criar um percurso em que os visitantes pudessem conhecer as quatro queijarias, apreciar a produção artesanal e degustar os queijos.
A Canto Queijaria está na Estância São Miguel, em Barra do Quaraí, propriedade de 1930, que pertencia aos avós do publicitário Paulo Ceratti, marido da estilista Mariana Fernandes e já com tradição leiteira. Ambos abandonaram suas profissões para se dedicarem à produção de queijos. Todos de leite cru, de vacas Jersey manejadas a pasto, e autorais. O Pampeano, com 60 dias de cura, lavado manual e diariamente, com salmoura, é o mais tradicional. O Picumã é defumado com folha de limão bergamota. Mariana explica que a cada estação os queijos podem estar diferentes. No inverno, ao sofrerem a ação de fungos brancos, são mais cremosos e de sabor mais leve. No verão, quando muda a ação dos fungos, ficam mais firmes e com sabor mais intenso. Como a queijeira gosta de experimentar, a cada mês, costuma criar queijos diferentes, que envia para todo o Estado. A Canto oferece turismo rural, com agendamento prévio.
A Fendt fica em São Borja. Entre os queijos produzidos está o Lindeiro, curado por 120 dias, com massa cozida e dura, sabor adocicado e um toque de picância. Daniele Fendt produz ainda queijo colonial, manteiga e doce de leite.
A Tambero Queijaria, em Hulha Negra, a 25 km de Bagé, tem à frente a historiadora e produtora rural Luísa Kuhl. Seus queijos são de leite cru, com fungos nativos da Campanha. O Coxilha, maturado por 90 dias, é untuoso, levemente adocicado e amanteigado. O Geada, com 60 dias de maturação, é mais forte, tem toques de amargor e fungo branco. O Gurizote tem casca lavada na salmoura, sabor suave e 30 dias de maturação.
A Terroir da Vigia, em Santana do Livramento, é a realização do sonho do francês Gaspar Desurmont , marido de Graciela Bittencourt, de produzir na Campanha gaúcha queijos de qualidade como os feitos na França. Os queijos de leite de ovelha premiados em diferentes concursos. Graciela tomou a frente na divulgação e comercialização dos queijos. Destaque para o Pecorino e o Doble Chapa (expressão que identifica quem tem nacionalidade brasileira e uruguaia), que une dois queijos prensados juntos: um de leite de ovelha e outro de leite de vaca.
As quatro mulheres queijeiras têm participado de feiras em todo o Estado, levando os queijos do Pampa. Além de fornecerem seus produtos a chefs de restaurantes destacados no cenário gastronômico, como o Capincho, o Hashi e o Valle Rústico. São mulheres fortes, que tomaram a frente dos negócios de suas famílias e que trabalham para tornar realidade a rota turística pelas queijarias daquele território que começa a deixar de ser tão masculino. Quem quiser conhecer os queijos produzidos por essas mulheres pode entrar em contato com elas ou se informar sobre feiras das quais participam.
@cantoqueijaria
@queijariafendt
@queijariatambero
@terroirdavigia