Os nomes que as receitas ganham compõem um universo tão intrigante, certo? Então, para o Dia do Beijo, neste 13 de abril, reunimos algumas que – curiosamente – têm a palavra beijo no nome. Se levar em conta o prazer sensorial de um beijo, fica fácil entender por que a palavra acabou batizando diversas iguarias na cozinha – especialmente no reino dos doces (e, principalmente, com coco – ou será só uma coincidência?).
Muitos de nós podem até lembrar de um pão de mel coberto com chocolate, muito popular até os anos 1970 e 1980, que a marca gaúcha Neugebauer fazia. O nome? Beijo Africano. A fábrica de chocolates também produzia o Beijo de Moça, que era marshmallow revestido de chocolate.
Para além das fronteiras brasileiras, há alternativas também, como bem lembra o chef Michel Bortolotto, docente de confeitaria e panificação no Senac Caxias do Sul. “Em 2012, fiz um curso em uma escola de cozinha italiana e me apresentaram o Baci di Dama, ou Beijo de Dama em português”, conta ele. O biscoitinho doce recheado leva esse nome porque o formato dele sugere dois lábios se encostando. Como é comum de acontecer, a receita original ganhou algumas adaptações ao longo dos anos. Michel compartilha logo a seguir aquela da qual mais gosta.
Não que não existam pratos salgados com beijo no nome… Um deles, aliás, já gerou bastante repercussão quando foi apresentado em um famoso programa de culinária na TV. Chama-se Beijo Grego, leva língua e rabo bovinos e gerou buzz porque o nome faz alusão a uma prática sexual.
Ah, sim, vale o registro: 13 de abril como dia do beijo teria surgido na Itália no século 19. No dia 13 de abril de 1882, um padre disse que premiaria as jovens solteiras que ainda não tivessem beijado. Na época, havia rumores de que um jovem rapaz estaria beijando todas as meninas da região. O prêmio só seria revelado àquela moça que, perante Deus, jurasse nunca ter beijado. Alguém apareceu? Ninguém. Diz-se que até hoje o prêmio espera. Aparentemente, a volúpia do rapaz não era apenas um rumor. Então, o dia 13 de abril ficou conhecido como o Dia do Beijo. Alguns países, no entanto, como o Reino Unido, identificam o Dia Internacional do Beijo em 6 de julho. Se é para comemorar à mesa em duas datas, não tem problema, afinal, sobram receitas. Vamos a elas!
A seguir, saiba como preparar o Beijo Caboclo, o Beijo de Mulata, o Beijinho de Coco, o Beijo de Freira, o Beijo de Dama e o Pão de Beijo
Beijo Caboclo
É um doce típico do nordeste brasileiro. E aqui vai uma receita famosa, assinada por Tereza de Jesus Meira Lins. Ela é matriarca do hotel NANNAI, e seu caderno de receitas inspirou a criação do restaurante TiaTê, que é atração nos empreendimentos do grupo em Muro Alto e Noronha, ambos em Pernambuco.
Beijo de Mulata
Há várias formas de preparar esse bolinho frito coberto com chocolate e coco ralado. Mas a origem se perdeu no tempo. Sempre que é mencionado, as pessoas o associam à figura da avó. Portanto, uma receita repleta de memória da infância e de afeto.
Beijinho de coco (o brasileiro!)
Quase tão tradicional quanto o brigadeiro (o nosso “negrinho”), o beijinho de coco (às vezes fazendo papel de “branquinho”) tem sua origem em Portugal, feito por freiras. Diz-se que a tal receita portuguesa (então chamada de beijo de freira) foi alterada quando chegou ao nordeste brasileiro. Diferentemente da atualidade, as freiras não usavam coco ou leite condensado (até porque este nem existia na época). Elas usavam amêndoas, e a calda era feita somente com água e açúcar – então, fica até estranho associá-la a essa receita, né? Por isso, fomos atrás da receita original, do beijo de freira, diretamente de uma fonte portuguesa (é a próxima receita depois desta aqui; role a tela para ver).
Beijo de freira
Aqui estariam os primórdios do brasileiríssimo beijinho de coco. O beijo de freira teria nascido nos conventos de Portugal e viajado para o Brasil, mais precisamente para o Nordeste, na época da colonização. Uma vez aqui, dada a abundância do coco local, em detrimento da amêndoa, foi adaptado. Segundo o site de life style do portal sapo.pt, as orientações a seguir fazem parte do receituário do Convento de Santa Clara de Vila do Conde.
Beijo de dama (no idioma de origem, “baci di dama”)
Duas metades de biscoito, uma vez unidas, remetem a dois lábios decididos a se beijar. Eis a origem do nome da receita. Na sua forma pioneira, o biscoito doce foi reconhecido como Produto Agroalimentar Tradicional da Região do Piemonte e deve ser produzido com estes ingredientes: amêndoas, manteiga, açúcar, farinha e chocolate. Avelãs também podem ser usadas. A receita a seguir é uma versão do chef Michel Bortolotto, docente de confeitaria e panificação do Senac de Caxias do Sul.
Pão de beijo
A palavra beijo aqui é para lembrar, foneticamente, o vocábulo queijo. A receita é uma versão vegana, sem lactose, portanto, e sem glúten do pão de queijo. Existem outros “apelidos” para essa versão, entre elas, pão de quê e pão desqueijo.
