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Vida
Celso Gutfreind

A penúltima edição

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celsoagosto 3 - Revista Estilo Zaffari

Às vezes, pode vir um verso e, como uma fagulha, acende algo em nós. Ou, em vez dele, uma imagem sem palavras, uma canção, um único acorde dela. E abre a tampa, como no verso do Gullar. Saem cobras, lagartos, cardos, flores, não sei o que que incendeia. Mas, no caso, é aquele verso do Drummond, expressando que nunca está pronta a nossa edição final.

Basta um novo estímulo, na vida ou na arte, e somos levados de volta ao que parecia definitivo. Não era. Não é. Só estava de olho em Aristóteles e na próxima comédia (ou tragédia) que nos carregasse para dentro, onde tramas abertas e intrigas insaturadas estão com as bocas famintas à espera da próxima refeição narrativa. Para uma conversa que não conserve, de acordo com a expressão do psicanalista Paulo Sérgio Guedes. Uma conversa que seja o passaporte carnal para uma nova viagem da alma.

E pode ser um luto, pode ser uma alegria. Pode ser o que ainda está sem nome e o cata, na própria experiência. Há sempre algo disforme. Há sempre algo a dizer. Há sempre algo novo a dizer para deixar menos disforme. Há sempre algo a repetir. A elaborar. Sim, somos seres narrativos – Homo Narrans, de acordo com o ficcionista Luiz Antônio de Assis Brasil. E nunca aprendemos a contar direito, de acordo com a poeta Wislawa Szymborska.

Por isso, contamos e recontamos. Por isso, a criança pede sempre a mesma história. Podemos repetir exatamente as mesmas palavras, os mesmos detalhes, e a história já não será a mesma. Por isso, a criança pede para ouvir de novo. Ela sabe que ouvirá o novo. O rio do que contamos-ouvimos-sentimos já não será o mesmo e os pés dos ouvidos sentirão as novas águas. Mais quentes, mais frias, outras.

Talvez possa estar aqui o miolo de uma esperança. Basta uma fagulha de arte ou de vida e nos relançamos para tentar dizer de novo. De novo e melhor, em busca do grão de vitória que nos cabe e é verbal, de acordo com o dramaturgo Jean Genet. E, com o perdão da redundância, ao dizer de novo, tentaremos melhorar essa obra em vida de tudo o que sentimos. É infinito, interminável, pelo menos enquanto houver quem guarde a disposição renovada de contar e quem guarde o desejo, senão maior ainda, de ouvir a nossa penúltima edição.

Celso Gutfreind é Psicanalista e Escritor

Tags
#CELSOGUTFREIND #ESCRITOR #ESTILOZAFFARI #PENÚLTIMAEDIÇÃO #PSICANALISTA #REVISTAESTILOZAFFARI

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