Vestir o lar com esculturas e pinturas é
uma bela forma de ter arte no cotidiano
No último ano, a pandemia transformou nossa casa em escritório, escola, academia de ginástica e restaurante. Confinados ao nosso microuniverso pessoal, despertamos para o fato de que o lar é uma extensão de quem nós somos e nos dedicamos a cuidar melhor dele. Foi nesse período, também, que muitos se deram conta da importância da arte em nossas vidas, em suas diversas manifestações. Nos refugiamos na música, nos livros e nos filmes para buscar alegria e aconchego. E qual a melhor forma de ter arte em nossas vidas, senão vestindo a casa com quadros e esculturas? Muita gente acredita que esse é um privilégio para poucos e que a arte só cabe no bolso dos ricos e famosos, mas isso não é verdade. A arte é para todos.
Vou contar um pouco da minha experiência pessoal. Há cerca de oito anos, visitei uma amiga e ela tinha acabado de comprar um quadro para a sala de estar. Achei a obra lindíssima e virou o assunto principal da nossa conversa. Naquele dia fiquei curiosa e com o desejo de ter em minha casa algo tão belo.
Até aquele momento, decorava a casa apenas com reproduções, os famosos pôsteres. Talvez impressionada pelas notícias de leilões milionários de obras de arte ou até mesmo pela atmosfera etérea de alguns museus e galerias, eu tinha a percepção de que consumir arte não era financeiramente viável para mim. Mas conversando com aquela amiga, jornalista como eu e de uma família de classe média, comecei a acreditar que era possível encontrar algo que me encantasse e coubesse no meu bolso.
Descobri com muita alegria que SIM, eu podia ter em casa uma obra original! E quando fiz a primeira aquisição, fiquei empolgada e continuei curiosa, desbravando este novo mundo. Aos poucos doei cada um dos meus pôsteres e os substituí por óleos sobre tela, gravuras, fotografias, aquarelas, desenhos. Negociando bastante e, muitas vezes, pagando em parcelas, fui criando o meu acervo, que ainda está em construção.
Gente como a gente
A verdade é que a arte não vive numa redoma ou num pedestal. Ela está presente nos lares de pessoas como a jornalista Fernanda Pandolfi e o empresário Felipe Hemb. O jovem casal vive em um apartamento que é a cara deles e onde as peças de arte e design têm imenso valor afetivo. Felipe, que aprendeu a amar a arte inspirado pela avó paterna, estendeu essa paixão para os negócios e levou o conceito de curadoria, amplamente usado no mundo da arte, para a loja que criou e administrou por uma década. Ele e Fernanda têm um acervo eclético, com algumas obras que escolheram juntos, outras trouxeram de viagem ou foram presentes de amigos ou herança de família. Todas conversam harmonicamente com o ambiente e – o principal – trazem felicidade para os moradores da casa.
O mesmo acontece com a publicitária e jornalista Mauren Motta. No apartamento onde mora com o marido Rogério Corrêa, ela apresenta com brilho nos olhos o acervo construído ao longo de mais de duas décadas.
Amante da arte desde criança – além de ser sobrinha-neta de Iberê Camargo, ela estudou arte na infância e também na vida adulta –, sempre pautou suas viagens com visitas a museus. Mauren lê muito sobre o assunto e a sua carreira no jornalismo a levou a trabalhar em cidades como Nova York e São Paulo, onde conheceu artistas e aprimorou ainda mais o seu olhar. Durante um tempo ela fez parte do Clube da Gravura.
Ela é apaixonada por diversos estilos e técnicas e sua casa é repleta de obras escolhidas com muito amor. Todos os cômodos respiram arte, em um mix muito bem equilibrado que contém óleos, gravuras, desenhos, fotografia e até mesmo tapeçaria. Algumas são criações de artistas conceituados, outras de novos talentos. Mauren tem o dom nato de misturar estilos, mas o mais importante é a paixão que nutre por sua coleção pessoal. Isso sim, não tem preço e torna o viver a casa ainda mais especial.
Misture estilos sem medo. a arte foi feita
para divertir e permite essa brincadeira
Por que investir em arte?
As razões são inúmeras, mas a principal é que a arte emociona. Quase todo mundo tem uma música que faz dançar, um livro de cabeceira e um filme que marcou a sua vida. A arte faz exatamente isso, desperta nossa humanidade e desperta memórias e paixão. Comprar um quadro ou uma escultura vai muito além de decorar a casa. Essas obras nasceram do trabalho artesanal de uma pessoa criativa e uma mesma peça tem o poder de despertar sensações diferentes em cada pessoa. Ter arte em nosso dia a dia, seja em casa ou no ambiente de trabalho, mexe com o humor e até mesmo com a produtividade das pessoas.
Outra boa razão é que a arte não desvaloriza. Enquanto muitos bens que compõe uma casa depreciam com o uso, as obras de arte (em sua grande maioria) só valorizam financeiramente com o tempo, se bem cuidadas e armazenadas, é claro.
Por onde começar?
Quando embarcamos num novo mundo e por ele não sabemos navegar, às vezes é necessário começar do zero. No meu caso, antes de comprar a primeira peça, precisei descobrir qual era o meu gosto pessoal. Eu gostava dos clássicos ou preferia os modernos? Queria uma obra realista ou abstrata? Gostava de cores vibrantes ou neutras? Na arte não tem certo ou errado, e sim aquilo de que você gosta ou não.
Comece a jornada buscando inspirações. Mesmo sem sair de casa, com seu celular você navega pelo perfil de artistas, museus, galerias e marchands independentes. Converse com amigos que gostam de arte, troque uma ideia com seu arquiteto ou designer de interiores de confiança. Visite museus e galerias.
Depois de descobrir seu gosto pessoal, estabeleça um orçamento. No mundo da arte, o céu é o limite, mas descobri que é possível ter uma obra original a partir de 200 reais.